Buscando mais uma alternativa sustentável para descontaminar a água poluída por resíduos industriais, a química Milena Boniolo, 28 anos, pensou em usar a casca da banana para descontaminar dejetos industriais.''Na Índia haviam desenvolvido um processo com palha de arroz e aqui no Brasil participei de um grupo que estudou a casca do coco", diz Milena.Foi por meio destas informações que ela chegou a conclusão de que era possível fazer o mesmo, só que com a casca da banana.
Empolgada com esse novo projeto Milena começou a virar motivo de chacota pelo seus colegas de laboratório, pois ela sempre aparecia nos laboratórios do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) da USP, com sacos cheios de cascas de banana pra efetuar mais pesquisas.
O método é simples e barato, e pode ser muito útil no futuro.O processo é feito com a desidratação e moagem das cascas da fruta.Para que possa ficar com o mesmo tamanho das partículas poluentes, esse pó passa por peneiras especiais e então está pronto para ser jogado na água contaminada.
Para efetuar esta experiência, Milena usou água com alto teor de oxido de urânio, comum na indústria de fertilizantes, que não é eliminado pelo nosso organismo, podendo assim intoxicar vários órgãos, trazendo também danos aos ossos.Depois de 40 minutos batendo a mistura, as partículas de metal se decantam junto com o pó da casca.Assim, podem ser removidas por uma bomba a vácuo.''Tudo acontece graças a duas propriedades da casca de banana: o alto teor de hidroxilas, que atraem as partículas de metal, e as concavidades que facilitam a absorção do metal.Em laboratório conseguimos chegar a 90% de descontaminação'', afirma Milena.
Para a surpresa de seus colegas, pela descoberta, ela recebeu o Prêmio Jovem Cientista em 2006 e foi convidada para ser palestrante da conferência internacional TED, na Inglaterra.Segundo ela, é preciso ter mais algum tempo de pesquisa para que o processo seja mais aprimorado.Matéria-prima é que não vai faltar.Só na Grande São Paulo, mais de quatro toneladas de cascas de banana são descartadas por semana.
Fonte: Revista Galileu
Editora Globo
Maio 2011- n° 238
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